
Pessoas enclausuradas
Na sua própria solidão!
Fumo na minha varanda,
E vejo, as janelas fechadas,
De casas cheias de tudo,
Pessoas cheias de nada...
Fumo, e vejo a passar
Sacos na mão, passo apressado
A caminho do trabalho
Mulheres com ar infeliz
Homens com ar resignado
Escravidão de uma cultura
Onde a vida é sempre dura,
Sonhar não é permitido
A felicidade é impura
Numa sociedade nula
O dinheiro é o motor
Da alegria, do amor,
E o tempo é a prisão
Dos que da infância trouxeram
Tantos sonhos de algodão...
Dormitórios arrumados,
Para ficarem fechados
Até o dia acabar...
E os filhos, arranjados,
Vêem os pais aos bocados,
Entre hoje e amanhã...
E os dias vão passando,
Como se não importasse
Que a vida se vá escoando.
Dá-se dinheiro a ganhar,
Pois o dia há de chegar!
E quando chega o tal dia,
Compra-se o que se queria
E logo se perde a noção, que
Tem que se voltar ao trabalho, à prisão
Para voltar a ter tudo,
Que será pra sempre NADA...!
E o tempo sempre a passar...
E o tempo sempre a passar...
E o tempo sempre a passar...
...até a vida acabar!
29 de janeiro de 2011 às 03:12
Excelente texto...verdadeiro!Consegue ser pessoal e coletivo ao memso tempo.